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Maria Eduarda Diniz – acadêmica do  4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Victoria e Abdul é um filme de 2017 que conta a extraordinária amizade entre um indiano e a Rainha da Inglaterra, nos últimos anos da Era Vitoriana. Em 1887, dois indianos são escolhidos para entregar a Rainha Vitória uma moeda local, como presente pelo aniversário da monarca. Um desses jovens era Abdul Karim, que, ao entregar o presente, quebra o protocolo inglês e encara a Rainha, a qual acaba se impressionando com tal ousadia do indiano. Depois disso, a monarca passa a convidar Abdul para conversar com ela a sós, contando sobre a Índia, o que leva a uma amizade que durou 14 anos, e que muito desagradou a Corte britânica.

O filme resume um pouco da convivência entre essas duas figuras icônicas: a Rainha, que com o passar da idade, se torna uma pessoa amarga, com poucas alegrias, apenas com as lembranças dos seus tempos juvenis, em que tinha seu amado marido Albert ao seu lado, e Abdul, o qual recebe o título de “Munshi”, ou professor, pela Rainha, um indiano com pouca ou quase nenhuma raiva dos ingleses, apenas interessado em contar a Rainha as belezas do seu país de origem, que ainda era colônia britânica, na época. O filme se preocupa em mostrar as várias feições dessa amizade e o que significavam para os outros.

Entre conversas e histórias nostálgicas, a monarca vai descobrindo mais sobre o povo indiano, considerando que antes não conhecia nada sobre a “sua” colônia, e Abdul vai ganhando destaque na corte, para revolta do sucessor ao trono e de seu círculo de amigos. O longa, além de ser importante por resgatar essa história, praticamente apagada da história inglesa, também é importante para demonstrar a relação da Grã-Bretanha com o resto de seu império. A Rainha, em várias cenas, não tinha noção dos costumes ou dos direitos que possuía pela lei indiana, por ser a Imperatriz da Índia, mas, acima de tudo, não tinha a completa noção ou controle sobre as ações inglesas no território de suas colônias, principalmente na Índia, em que os ingleses eram, geralmente, mais violentos.

Tramas e sabotagens afastaram aquela que deveria governar das reais políticas que estavam sendo implementadas em seu Império, sob seu nome.  A idéia de superioridade branca inglesa regia as políticas implementadas pelo Império, porém, como várias cenas mostram, a monarquia pouco se importava ou sequer realmente conseguia lidar com essas situações. O fim do Império Britânico já se mostrava próximo, mas todos aqueles ligados a monarquia se recusaram a largar essa ilusão, de que seus privilégios seriam eternos.

E nesse meio estava a amizade de Abdul e a Rainha, uma amizade que lutou para vencer  em meio a uma corte em ruínas, uma corte que se recusava a largar a Coroa.