Isabele Reis – Acadêmica do 6° semestre do curso de Relações Internacionais da UNAMA
País com 519 anos de história, o Brasil é inserido atualmente no cenário internacional como um dos Estados mais importantes; seja por ter sua extensão territorial, economia relevante, ou pela maior parte da Floresta Amazônica localiza-se em seu território.
Colonizado pelos Portugueses, o Brasil traz consigo influências marcantes até os dias atuais, mas foi com a família real portuguesa fugindo das tropas napoleônicas da França e se instalando no Brasil, em 1808, que foi proporcionada uma evolução no âmbito econômico, fator que pode ter influenciado para que no futuro houvesse a independência da então colônia. Desde a chegada dos seus “descobridores”, o Brasil sempre se encontrou em uma relação de subordinação à coroa portuguesa; e apesar de outros países tentarem adentrar essas terras (como França e Holanda), Portugal estabeleceu seu domínio e impôs de vez seus costumes e religião.
A Independência do Brasil veio com grandes expectativas de mudança, mas é necessária a compreensão de que a independência de direito não garante a de fato, ou seja, a emancipação adquirida juridicamente e através de um pagamento para o reconhecimento por parte de Portugal não caracteriza a total autonomia da ex-colônia, e isso se demonstra até a atualidade.
A problemática do Brasil na questão de sua subordinação a outros Estados é exposta quando se faz uma análise estrutural de suas bases. Possui-se ainda um alto nível de dependência tecnológica, econômica e cultural, os quais são reflexos de um escasso incentivo para a consolidação de uma nação autônoma e próspera nos mais diversos âmbitos. Essa necessidade de assistência se torna cada vez mais clara quando se observa paulatinamente.
Questões como tecnologia, que apesar de haver incentivo, é insuficiente comparado a demanda de um Estado de tamanha complexidade como o Brasil, o que o torna altamente dependente de tecnologia estrangeira. Ademais, no âmbito cultural, em que é possível verificar uma incrível diversidade no território, que, no entanto, vem sendo reprimidas desde o processo de colonização;, além disso, observa-se a grande influência europeia e norte-americana na música, vestimentas, literatura, entre outros tópicos.
Dentre vários fatores que levaram a o crescimento de um Brasil dependente, destaca-se o modelo de colonização implantado pelos portugueses, sendo uma colônia de exploração, modelo que beneficia a nação colonizadora e inviabiliza o desenvolvimento pleno de sua colônia. Theotônio dos Santos, em seu artigo A Estrutura da Dependência, explica o conceito de dependência baseado na noção de um contexto em que a economia de um país é diretamente vinculada ao desenvolvimento e expansão da economia de um outro país ao qual se é submisso, ou de fato, dependente.
Na Teoria da Dependência é abordada a ideia de que tal dependência passa a existir quando um país possui uma capacidade de expansão, enquanto outros apenas são capazes de refletir a expansão do outro, ou seja, um Estado se desenvolve e pode ser autossuficiente, mas o país que é dependente irá evoluir de maneira reduzida, apenas de maneira que esteja de acordo com o desenvolvimento da nação dominadora.
É apresentada a concepção de que a economia mundial capitalista é instituída pela relação entre as burguesias dos países centrais e periféricos, e suas leis sobrevêm de maneira divergente sobre essas regiões. Essa divergência acontece por conta de existir um poder/capacidade econômica diferenciada e da competitividade que estabelecem. Nesse contexto, o Brasil se enquadra em uma forma histórica de dependência, a dependência colonial, identificada pelo domínio do capital nos centros hegemônicos, e pela falta de investimentos na colônia, que por ser de exploração, não demandava da coroa portuguesa a necessidade de desenvolvimento interno.
Para que o Brasil se apresente enquanto um Estado autônomo, ele precisa de desvincular do costume gerado há tempos de se sustentar com base em outras nações. É indispensável a implementação de políticas por parte do governo, que privilegiem o investimento em educação, tecnologia e meio ambiente, e que estimulem a pesquisa nas mais diversas áreas de conhecimento, se desvinculando da concepção frequente de um Brasil acomodado. Portanto, a fim de superar essa ligação de dependência com nações as quais o Brasil é subordinado, é necessário e crucial que haja uma mudança tanto nas organizações internas do Estado quanto em suas relações na esfera externa.
Referências:
Brazilian Independence: Portuguese colonization of Brazil
Disponível em: <https://courses.lumenlearning.com/boundless-worldhistory/chapter/brazilian-independence/> acessado em 4 de setembro de 2019
GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2010
SANTOS, Theotônio. A Estrutura da Dependência (1970)