
Jordany Rodrigues – Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Após a independência do domínio britânico em 1947, a economia da Índia teve sua primeira fase de transição que ficou conhecida como o Socialismo Indiano (1951-1979), onde os principais objetivos almejados pelo governo foram a modernização, crescimento, autoconfiança e equidade social. No entanto, a economia naquele período foi caracterizada como reclusa, tendo em vista que a Índia não permitiu a integração completa do seu mercado; em vez disso, os elaboradores de políticas implementaram uma variedade de medidas regulatórias no país, resultando em um lento crescimento econômico durante esse momento.
Como consequência de uma economia fechada anteriormente, principalmente quando comparada aos demais países; em 1980 e 1990 foram feitas duas grandes reformas que mudaram duas das características mais relevantes do antigo paradigma econômico: o controle doméstico da produção e do investimento e o controle do comércio externo. (BARBOSA 2008, p. 41). A partir de tais reformas, a Índia passou a ter uma maior integração econômica, o que resultou na entrada de investimentos externos e o início de uma relação de interdependência com outros países.
Para analisarmos o principal motivo do crescimento econômico indiano ocorrido após as reformas, serão utilizados as premissas neoliberais de Joseph Nye e Robert Keohane. Para estes teóricos, os Estados estão cada vez mais interconectados e inter-relacionados, consequentemente gerando uma relação de influência mútua entre os atores, o que os autores denominaram de Interdependência Complexa, cujos efeitos que caracterizam esse fenômeno tornam cada vez mais difícil distinguir as fronteiras entre o internacional e o doméstico, visto que a ação de um teria impacto sobre os demais sendo que isso fica bem claro nesta frase “Na política mundial, a interdependência refere-se a situações caracterizadas por efeitos recíprocos entre países ou entre atores em diferentes países.” (Keohane e Nye, 1977).
Contudo, a interdependência para Nye e Keohane é mais claramente percebida no âmbito econômico e ao analisarmos a economia indiana, observamos que os fatores determinantes para o crescimento econômico após as reformas foram o recebimento de empréstimos de outros Estados para reverter o déficit econômico, como também a liberalização para o comércio externo que, por consequência, aumentou os fluxos de importações e exportações e o número de investimentos externos. Percebe-se então que a dependência mútua interestatal e a necessidade da Índia de promover uma abertura econômica e maior interação com os outros países não apenas para sustentar sua economia, como também para desenvolvê-la.
Referências:
BARBOSA, Marcel Jaroski. Crescimento Econômico da Índia Antes e Depois das Reformas de 1985/1993. Porto Alegre: 2008.
MESSARI, Nizar.; NOGUEIRA, João. Pontes.; Teoria das Relações Internacionais: Correntes e Debates. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2005.
KEOHANE, Robert O; NYE, Joseph S. Power and Interdependence. 4ª edição. Longman, 2012.
The Indian Economy since Independence. Disponível em<https://pdfs.semanticscholar.org/1f23/de2a9dd709c2a2970439f8fdaaac4d134175.pdf> Acessado em 27 de agosto de 2019
World Bank, Has India´s Economy become poorer in the wake of economic reforms? Disponível em <http://documents.worldbank.org/curated/en/938511468034445578/Has-Indias-economic-growth-become-more-pro-poor-in-the-wake-of-economic-reforms> Acessado em 27 de agosto de 2019.
VAKULABHARANAM, V. and MOTIRAM, S. (2016). Mobility and inequality in neoliberal India. Contemporary South Asia,< https://www.researchgate.net/publication/306388934_Mobility_and_inequality_in_neoliberal_India> Acessado em 27 de agosto de 2019.