guerracomercial

Carolina Nascimento – Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Guerras Comerciais são caracterizadas por conflitos entre países por meio da imposição de tarifas e outros obstáculos que dificultam o comércio internacional entre eles. Atualmente, as duas maiores potências econômicas mundiais, Estados Unidos e China, protagonizam uma série de tensões no cenário internacional.

O estopim dos conflitos aconteceu em março de 2018, quando os Estados Unidos impuseram sobretaxas ao aço e alumínio importados de vários países, o que afetou consideravelmente as exportações do país asiático. No mesmo mês, os EUA também  anunciaram tarifas de 50 bilhões de dólares sob mais de mil produtos chineses. Como resposta, a China impôs tarifas de 25% à 128 produtos estadunidenses como soja, carne, aviões e produtos químicos.

Desde então, o cenário comercial entre estes dois países tem mostrado consecutivas respostas às imposições tarifárias estipuladas entre si. Essa conjuntura representa um grande risco à globalização e ao comércio mundial, considerando que os dois países são responsáveis por cerca de 25% das exportações mundiais.

Gustavo Arce, em sua obra “A economia mundial no século XXI”, aborda sobre as reconfigurações dos centros de poder. Segundo o autor, a transição de poder, outrora discutida por Joseph Nye, ganha maior destaque no Sistema Internacional. Para Arce (2014, p. 25), “o atual processo de transferência de poder desde o Ocidente para Ásia consolida uma nova bipolaridade geoeconômica na cúspide do novo epicentro da economia mundial”.

Dessa forma, além de serem indispensáveis para o dinamismo da economia internacional, Estados Unidos e China apresentam também uma interdependência, notória principalmente após a crise de 2008, e considerando que a China é um dos principais credores da dívida pública estadunidense

Estados Unidos e China apresentam tal nível de interdependência comercial, financeira e produtiva que há inclusive quem considere apropriado refletir sobre a economia dos dois países como uma só entidade: pelo termo Chimerica, um neologismo cunhado por Nial Ferguson (LEÃO, 2009).

Apesar da interdependência envolvendo essas duas potências, EUA e China demonstram características altamente competitivas e concorrenciais. Para o autor neorrealista das Relações Internacionais John Mearsheimer (2001), as grandes potências buscam a constante maximização do seu poder. No caso da China e Estados Unidos, a busca pela hegemonia econômica mundial é o objetivo de ambos, que utilizam de práticas muitas vezes ofensivas para neutralizar ou minimizar o poderio e influência do outro no Sistema Internacional.


REFERÊNCIAS


LEÃO, Bruno Guerra Carneiro. As relações econômicas EUA-China no início do século XXI: Análise à luz das dinâmicas concorrentes da geopolítica e da globalização. 2009. 279 f., il. Tese (Doutorado em Relações Internacionais) – Universidade de Brasília, Brasília, 2009.


ARCE, Gustavo. A economia mundial no século XXI. Universitas Relações Internacionais. Brasília, v. 12 n.2 p. 1-35, jul-dez 2014.


LAPORTA, Taís; GOMES, Helton Simões. Entenda a ‘guerra comercial’ entre EUA e China e como ela pode afetar a economia mundial. Disponível em <https://g1.globo.com/economia/noticia/entenda-a-guerra-comercial-entre-eua-e-china-e-como-ela-pode-afetar-a-economia-mundial.ghtml>. Acesso em: 10 abr. 2019.